DÉLIO PEREIRA DA CRUZ
Nasceu na cidade de Rio Verde, Goiás, aos 24 dias do mês de novembro de 1934, onde deu começo aos estudos primários, vindo a concluí-los em Goiânia, para onde se transferiu pela década de 40.
Em k1953 transferiu-se para Anápolis, onde concluiu seus estudos secundários no Colégio Couto Magalhães, tendo cursado, concomitantemente o Seminário Bíblico Goiano, hoje, Seminário Teológico Cristão Evangélico do Brasil (Seteceb). Concluiu seus estudos teológicos em 1960.
Foi ordenado ao Santo Magistério da Palavra no dia 6-1-61 em Convenção da Igreja Cristão Evangélica do Brasil, realizada em Ceres – GO. Foi diretor do Seminário, onde estudou, durante o quinquênio 76-80.
Exerceu o pastora em diversas cidades do interior goiano.
Bacharelou-se m Direito em 1983 pela Faculdade de Direito de Anápolis (Fada).
Funcionário público, servindo na área de educação.
Professor a nível do 3º..grau na Faculdade de Filosofia "Bernardo Sayão" e de Direito de Anápolis, lecionando, respectivamente Teologia e Cultura Religiosa.
Membro da Academia Catalana de Letras, ocupando a Cadeira no. 14,
cujo patrono é Fagundes Varela.
Membro da Academia de Ciências e Artes de Anápolis de Escritores – GO.
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CRUZ, Délio Pereira da. Morro e saudade... Versos. Capa: Morro da Saudade....Catalão. Glair Neves Ribeiro Mazzei. Brasília: Centro Gráfico do Distrito Federal, 1989. 177 p.
Exemplar. doado pelo livreiro José Jorge Leite de Brito.
TESTEMUNHO SECULAR
Versos cantados à árvore que enfeitava a
Praça Getúlio Vargas em Catalão – GO.
Contemplo-te diariamente arrebatado,
Com tua beleza e gigantesco porte,
Invejando até do pássaro a sorte
De em teus galhos descansar pousado.
E quando a noite mansamente desce,
À fresca sombra da tua verde fronde,
Os casais apaixonados, é onde,
Trocam juras d´amor que não fenece.
Vão-se os povos, permaneces ereto,
Desafiador a subjugar o tempo,
Tendo este abençoado céu por teto.
E aí estás na tua mudez a dar,
A despeito de tanto contratempo,
Um testemunho eloquente e secular.
Catalão, 5-12-70.
A MORTE DA ÁRVORE
Versos lamentando o corte da árvore da
mesma praça, fato que se deu 15 dias
de escrito o soneto anterior.
Há poucos dias cantei-te em versos,
Cantei-te a beleza e vigoroso porte,
Cantei-te também a ditosa sorte
Sem saber de inimigos tão perversos.
Soprou o vento e mutilou-te parte,
Depois os homens com afiados ferros
Rasgaram teu ferido ventre aos berros,
Invejando do vento a tão nefanda arte.
E quando ergo os olhos e não te vejo,
E cantar-te versos não mais posso,
Chorar é pois o meu maior desejo.
E é para chorar-te que aqui hoje venho,
Pois chorar-te ainda é direito nosso,
Chorar-te sobre o teu desfeito lenho.
Catalão, 22-12-70.
VINGANÇA
Do cepo da árvore cantada anteriormente.
surgiu um rebento, razão deste soneto.
Do velho tronco de morte ferido,
brotou com o tempo verde sarmento,
luxuriante, promissor rebento,
depois de tantas lutas ter vencido
À ação dos ventos foi enrijecido
e aos poucos fez-se colossal portento,
chegando, assim, o preciso momento:
vingar o horrendo crime cometido.
Desejo que em teu garboso porte,
ergas teu braço inclemente e forte
e sufoques a mágoa incontida.
Pagando aos homens a cruel empresa,
contra tua mãe, em total crueza,
vingando dela, a morte tão sofrida.
Catalão, 1-9-73.
RIO VERDE
Foi ali que nasci... como era bela!
Mesmo pequena e pobre como era...
Suas tardes, seus passeios, sua capela,
Marcos sensíveis de fugida esfera.
Lembro-me com saudade das retretas
Que a banda do Minu executava,
Aos sons do pistão, baixos e clarinetas
Minh´alma, ouvindo ali, se deleitava.
Passou-se o tempo... resta saudade,
De tudo que passou eis a verdade,
Saudade do Rio Verde não de agora,
Com carros, asfalto e tanta correria,
Que pode até ter trazido melhoria,
Mas saudade do meu Rio Verde de outrora.
Catalão, 11-9-71
INGRATIDÃO
Página negra a história nos conta
A Brutus, César na sarjeta apanha.
Mão amiga, estende-lhe, gentil façanha,
Caráter nobre do gesto desponta.
À porta do Senado — eis a trama.
Ó feito brutal! O crime consuma,
E d´alma, Brutus, toda cólera espuma
Contr´aquele que o erguera da lama.
Guiou-o, César, a luminoso norte,
Conduzindo-o, agora, a melhor sorte,
Amparando-o com mão d´amor e afago.
De César, o peito amigo, Brutus fere,
E com gesto insano à traição adere,
Dando-lhe, assim, da ingratidão o pago.
Anápolis, janeiro de 1982
TRANSAMAZÔNICA
EPOPÉIA DO SÉCULO XX
Surge a estrada rasgando
a mata,
a mão dos homens,
o coração;
Vencendo tudo:
as feras,
os rios,
as febres,
a distância,
a solidão,
o inferno verde e o céu azul;
É a estrada que surge
para integrar
e entregar
o Brasil ao brasileiro
do norte,
do leste,
do oeste,
deste Brasil imenso
e não ao estrangeiro
de outra terra,
fala,
costume
e cor,
mas o Brasil nosso,
industrial,
agrícola,
intelectual,
que cresce,
o Brasil
das grandes e pequenas cidades,
o Brasil do sábio
e do caboclo,
das mansões
e das favelas;
O Brasil do brasileiro nato.
Eis a estrada que surge para num amplexo
gigantesco dos pontos cardeais extremos,
juntar este Brasil imenso e pô-lo
nas mãos do brasileiro
e não do estrangeiro
de outra terra,
fala,
costume
e cor.
TRANSAMAZÔNICA eis a estada.
Catalão, outubro de 1971
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Página publicada em maio de 2021
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